Quando alguém vai iniciar um processo psicoterápico, surgem muitas dúvidas. Como funciona a terapia? Qual psicólogo procuro? Quanto tempo dura? Qual abordagem é a melhor, psicanálise (Freud), psicologia analítica (Jung), cognitivo comportamental, Daseinanalyse (Heiddeger), EMDR (Shapiro) ou outra de tantas que existem?
Vamos iniciar refletindo sobre a escolha do psicólogo, que também tem dúvidas para optar por uma abordagem para atender seus pacientes, e o fará durante ou após o período de aprendizado na faculdade de psicologia.
O psicólogo necessita de uma base teórica para orientar o pensamento, raciocínio e linha de atuação e tenderá a seguir uma abordagem que faça sentido para si, e sua visão de mundo passa por essa abordagem.
Quando atender um cliente, sua percepção, seu olhar, entendimento e atuação se dará através de sua abordagem, ancorando a relação profissional-cliente, seguimento e avaliação dos resultados.
Sabe-se que a formação na universidade não é suficiente para oferecer conteúdo aprofundado sobre uma linha teórica determinada, uma vez que oferece uma visão ampla de algumas das principais.
Sendo assim, é importante que o profissional busque um curso de pós-graduação ou escola de formação para este aprofundamento.
A maior parte dos cursos de Psicologia tem uma linha teórica que é predominantemente ensinada, e algumas poucas outras linhas que são contempladas por disciplinas ministradas de modo mais ou menos abrangente.
O psicólogo recém formado sai da universidade com noções de algumas abordagens, e precisará se aperfeiçoar em cursos de pós graduação, grupos de estudo, supervisão para ampliar sua formação profissional, aprofundar o conhecimento e conquistar segurança para iniciar sua prática profissional e ampliar sua capacidade de atuação com seu cliente, seja na clínica ou empresa.
Nestes cursos a supervisão também é essencial, para que alguém mais experiência possa o orientar a perceber os pontos cegos que o psicólogo tem na terapia com os clientes, e ampliar o alcance de sua visão e ação.
A supervisão terá a função de orientar no início da prática e mesmo quando já mais experientes, buscam a ampliação da atuação através da orientação e visão de mundo de alguém que possa os levar além de onde se encontram.
Há, além da supervisão, outros dois pilares fundamentais para a formação de um bom profissional com graus iguais de importância.
A formação teórica, uma boa base de conhecimentos é importantíssima para a prática profissional, e será conquistada com um estudo interessado e dedicado durante a faculdade e com cursos de aperfeiçoamento e capacitação por toda a vida.
Além dessas, é necessário o foco no aprimoramento pessoal do terapeuta, pois nós psicólogos só podemos levar nosso cliente até onde nós mesmos já chegamos.
A responsabilidade de um psicólogo não é pouca, e sua atuação, não é nada fácil!
Sendo assim, o psicólogo tem obrigação ética de buscar o autoconhecimento através de um processo terapêutico.
Estamos sempre nos reconstruindo, aprendendo e ensinando.
A supervisão, como já dito, completa esse tripé do bom profissional, que se aprimora e se importa em conseguir ir sempre adiante, e levar seu cliente a ser mais saudável.
A abordagem escolhida pelo psicólogo sempre tem a ver com sua própria visão de mundo.
Entendemos e vivemos de acordo com nossos próprios mapas de mundo, desenhados desde nossa infância, nas nossas relações afetivas, compartilhadas por nossas famílias.
Já na faculdade, ao passar pelas disciplinas tendemos a nos aproximar mais daquelas que fazem sentido para nós, daquelas com as quais compartilhamos as ideias, visão, colocações e percepções.
Porém, como somos seres em contínuo processo de crescimento e desenvolvimento, é possível e até provável que em nosso processo de amadurecimento e conhecimento do novo, nos deparemos com abordagens que somem à nossa visão de mundo e nos chamem para a atuação.
Talvez já tivéssemos tido contato com essa abordagem em outro momento, mas não a percebíamos com o olhar atual.
Talvez seja uma abordagem que não foi vista ou compreendida, e hoje faça mais sentido devido à nossas novas experiências e vivências.
Todo conhecimento deve ser aprendido e apreendido, e quando tomamos a decisão de mudar de abordagem, precisamos da mesma maneira que com a primeira, buscar o conhecimento, aprofundá-lo, buscar supervisão, até que nos sintamos seguros para iniciar os atendimentos utilizando essa nova maneira de entender e agir com o cliente.
Todo curso de formação deve conter os requisitos necessários para que possamos escolhê-los com segurança, como grade curricular, duração, conteúdo teórico e prático,estágio, supervisão, formação dos docentes, nome da instituição, titulação MEC, validação das entidades formadoras na Psicologia, impressões de quem já passou pela formação etc..
Para o paciente / cliente, na maioria das vezes não tem conhecimento sobre cada abordagem.
Caso tenha conhecimento e afinidade com alguma abordagem, pode procurar um profissional que atue nesta linha.
Quando não conhece nada a respeito das abordagens na psicologia, o mais importante é encontrar um psicólogo e sentir afinidade por sua maneira de trabalhar, para que consiga construir uma relação de confiança e abra-se para o processo terapêutico.
Certamente isso será muito mais importante e efetivo do que escolher uma abordagem específica.
Viver um processo psicoterapêutico é uma oportunidade de se conhecer melhor, superar as dificuldades e caminhar para a vida com mais saúde.
Vale a pena buscar este caminho.
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